Noite Gelada, Manhã Cinzenta

Trocámos muito mais que um olhar,
Dissemos muito mais que uma simples palavra,
Acolhemos muito mais que um simples sentimento,
Tanto que achei que podia dar...que podia funcionar...
E por momentos acreditei, por dias imaginei que isto não era um sonho que pintei,
Mais um dos tantos que criei ao longo da minha vida.
E nesse sonho nos imaginei, como protagonistas nos pintei, como amantes nos julguei...
Nas noites geladas, em que o meu coração queria desistir ouvia-te dizer: "Sei que pode dar...só tens de tentar..."
Dei-te a mão e deixei-me levar por ti...
Deixei que me desses o teu Mundo...
"Sei que pode resultar"
Quisémos nisso acreditar até ao ultimo fôlego,
Não nos queriamos magoar e sabiamos que isso so dependia de nós dois.
Deixei que me mostrasses quem és e quem podias ser por mim e para mim...
Deixei-me ir por onde foste,
Por esses caminhos que julgamos conseguir cruzar lado a lado...

Fomos então vivendo um dia de cada vez, pensando poder viver sem "Porquês".
Sabiamos que tudo podia mudar, não sabiamos o que ia dar, apenas confiando nesse olhar que me hipnotizava, nessas mãos que me protegiam e nessa voz que me acalmava...

Mas...acabou...

Talvez nunca consiga mostrar os meus "Porquês", sei que esses são e serão barreiras para avançar, mas desta vez eu fiz um esforço...para alcançar...

Hoje, nesta manhã cinzenta em que passeio meu coração e minha alma...feridos e a sangrar...neste jardim já habituado aos meus passos lentos...ao cair das minhas lágrimas quentes e salgadas, só queria entender o porquê de tudo ter caído assim a meus pés, de tudo ter desaparecido numa moite gelada de nevoeiro em que não tive sequer reacção...

Mas eu sei que é melhor assim...senti a Tua Mão, forte e segura a apertar a minha quando me apercebi do que tinha acontecido e do que estava para acontecer...
Mais uma vez soubeste ajudar-me a perceber qual seria o caminho correcto meu Anjo Protector...
E sinto agora de novo que me estás a olhar enquanto escrevo o que sinto por entre pequenas gotas de chuva que molham a folha branca rabiscada de palavras que me aliviam o coração como se de lágrimas tuas se tratassem...como da última vez que senti o teu braço gelado te chamei Avô...em vão...

São assim Noites Geladas e Manhãs Cinzentas que preenchem a vida de uma simples alma ferida e cansada de tudo isto...

(escrito a 21-02-2010)


Sofia Cruz*